LOCKDOWN EM SHANGHAI – Atualização 18/04/2022

O que havia para ser dito sobre o lockdown em Shanghai eu resumi em um vídeo pequeno no link a seguir:


No entanto, vale ressaltar que os tumultos vêm aumentando significantemente, testando a famosa e poderosa repressão do Partido Comunista Chinês à uma realidade de fome, aprisionamento e depressão. Uma das maiores capitais financeiras do mundo está simplesmente engessada em sua logística, em seu cotidiano, em sua forma de vida cosmopolita.

As redes “sociais” chinesas, dentro do possível ao povo, vem ‘vazando’ a realidade de protestos e levantes, um desafio constante a ordem estabelecida de obediência subserviente que via no governo a melhor das proteções, ainda que no pior dos mundos.

A BBC trouxe uma reportagem há 3 dias que mostra essas pequenas ações de ‘disruptores’ que caminham aos poucos para o precipício da necessidade. Só não cai no precipício quem não transita pelas suas bordas…

Frequentemente penso que deve haver uma estratégia por trás dessa política extrema. Deve haver uma razão mais crucial, ainda que eu não a compreenda, para que um governo autoritário aceite pagar o custo de uma rebelião, ainda que incipiente, mas que pode vir a se tornar algo maior.

E então eu lembro de um artigo publicado pela Foreign Affairs em nov/dez 2021 e verifico que a trajetória de Xi Jinping é descrita (corretamente) como um endurecimento que não priva seus aliados e nem seu próprio povo de uma forma mais brutalizada de condução.

Xi is cutting off access to the outside world, defying international legal norms, and encouraging “Wolf Warrior” diplomacy, none of which seems calculated to win or retain allies. At home, he is enforcing orthodoxy, whitewashing history, and oppressing minorities in ways defunct Russian and Chinese emperors might have applauded. Most significant, he has sought to secure these reversals by abolishing his own term limits.

E justamente nessa citação nós temos a pista de que o maior engano dessa condução política chinesa é imaginar que sua enorme, porém ainda frágil, economia, irá resistir sem a efetiva atribuição primeira de uma globalização pujante, de uma interdependência capaz de regular por si as necessidades de abastecimento (compra / venda) globais.

A China não goza de um mercado nacional forte o suficiente para sustentar o giro de suas indústrias de forma autossuficiente. Atualmente ela é o maior parceiro econômico das maiores economias do globo e, não a toa, precisa ceder em suas fragilidades para que ganhe em suas virtudes.

Hoje, Shanghai está paralisada, as exportações travadas, os lead times alterados, o abastecimento de inúmeras indústrias pelo mundo está deficitário, e o óbvio movimento subsequente será a busca de outros fornecedores.

A ânsia em manter o controle pode significar o início de um capítulo ‘novo’ na sociedade chinesa, aos melhores moldes da Praça da Paz Celestial (1989).

 

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