Aqui uma breve linha do tempo sobre o desenvolvimento das relações diplomáticas entre chineses e russos.
02 / outubro – 1949 – União Soviética reconhece a República Popular da China apenas 1 dia após sua proclamação em Pequim.
15 / fevereiro – 1950 – União Soviética e China assinam um Tratado de Amizade, União e Assistência Mútua. Os soviéticos passam a atuar em mais de 150 projetos industriais na China.
1950-1953 – Tanto Soviéticos quanto Chineses atuam diretamente no auxílio aos Norte Coreanos na guerra contra Coréia do Sul e Ocidente. (aqui já há o contexto de Guerra Fria).
Durate a década de 1960 houve um enfraquecimento das relações bilaterais e até uma disputa prática pela supremacia dentre os países comunistas. Em 1969, inclusive, houve confrontos de fronteira entre soldados de ambos os lados.
Realções mantiveram-se tensas até 1982, quando os diálogos foram reiniciados
Maio – 1989 – Presidente soviético Mikhail Gorbachev visita os chineses e acorda com Deng Xiaoping a normalização e retomada das relações de forma plena.
Maio – 1991 – Jiang Zemin visita Moscou como líder do Partido Comunista Chinês. No mesmo ano acordam a demarcação de sua fronteira oriental.
Dezembro – 1991 – Russia, Ucrânia e Bielorrússia proclamam a CEI – Comunidade dos Estados Independentes, que coloca fim à União Soviética;
Dezembro – 1992 – Boris Yeltsin (presidente Russo) faz sua primeira visita oficial à China.
Setembro – 1994 – Russia e China acordam em não se agredirem com armas nucleares. Ambas também acordam a demarcação de sua fronteira ocidental.
Maio – 1995 – Presidente Chinês (Jiang Zemin) vai à Moscou participar da celebração do 50º aniversário da vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial.
Julho – 2000 – O então recém-eleito presidente Vladimir Putin encontra Zemin em Pequim para uma declaração conjunta sobre o desenvolvimento de um sistema de escudos de mísseis colocado nos Estados Unidos e, muito provavelmente, em seus aliados na Ásia, conclamando que esse fato ameaçaria uma nova corrida armamentista na região;
Julho – 2001 – Putin e Jiang assinam um pacto de amizade e defesa mútua, além de acordos bilaterais para aprofundamento do comércio regional.
Outubro – 2004 – Russia e China assinam protocolos que finalizam a demarcação de fronteiras secundárias, e a gigante de gás russa (Gazprom) assina acordos de parceria com a gigante petrolífera chinesa CNPC.
Agosto – 2005 – China e Rússia realizam seus primeiros exercícios militares em conjunto;
Março – 2006 – O presidente chinês Hu Jintao assina com Putin um acordo para incremento na cooperação energética;
Março – 2007 – Acordos comerciais são assinados entre Rússia e China, com a constatação de Putin de que o comércio bilateral entre os países cresceu cinco vezes em apenas 7 anos;
Maio – 2008 – Recém-eleito presidente russo Dmitry Medvedev realiza suas primeiras visitas oficiais para China e Cazaquistão;
Neste ponto, 2008, fica nítida uma mudança clara na política russa, que pela primeira vez em muito tempo deixava de realizar suas principais viagens no início de mandato para Europa Ocidental, e há um simbolismo especial nas primeiras visitas de Estado de líderes eleitos – pois significam os locais escolhidos para foco no regime – ou seja, as esferas de privilégio na administração política.
Havia uma percepção de que a China chegara em momento de batalhar por uma “hegemonia regional” rebaixando a Rússia à posição de antiga potência. Então, aqui, poderia haver uma tensão / ruptura.
Medvedev optou pela visita oficial logo no início do governo, administrando as tensões e teve a visão de que a cooperação traria mais benefícios do que o confronto.
É exatamente esta visão / escolha que está sendo testada durante o conflito entre Rússia e Ucrânia.
Saltando no tempo para 2019 (exatamente em junho/2019), durante um encontro entre Xi Jinping e Putin, tivemos o anúncio conjunto de elevação do status diplomático bilateral para – “PARCERIA ESTRATÉGICA DE COORDENAÇÃO COMPREENSIVA PARA UMA NOVA ERA” – o que significa basicamente um aprofundamento dessas relações para níveis mais sensíveis à soberania, o que indica uma cooperação para além de uma simples aliança.
Aqui um vídeo que explana pouco melhor essa aproximação e traz as relações ao tempo presente.
Um adendo importante – em 2011 os chineses fizeram protocolo diplomático de parceria estratégica com os ucranianos, à época sob a presidência de Viktor Yanukovich, aliado de Putin. Em 2014/2015 este mesmo presidente foi deposto por apelo popular, após ter rejeitado um acordo de cooperação com a União Europeia e aceito empréstimos / influência russa. Com a população em vias de entrar em guerra civil, exilou-se na Rússia.
Este tumulto facilitou/precipitou a tomada da região da Crimeia em 2014 por tropas russas e foi o marco inicial da crise que conduziu as relações à guerra atual entre russos e ucranianos.
Em breve colocarei as percepções chinesas a respeito da aliança.
